Quando consumimos um suco industrializado as maiores preocupações geralmente são: Se o teor de açúcar é tão grande quanto falam. Esse produto não tem mesmo conservante? É igual ao da fruta em questão de nutrientes? Porém, nenhum desses questionamentos se preocupa com a produção de resíduos resultantes da produção de suco industrializado. Para os produtores de suco, a grande produção de resíduos tem sido um dos maiores problemas enfrentados ao longo dos anos. Contando que, devido à maior demanda de produção de sucos relacionada com o crescimento populacional, cresce também a quantidade de resíduos.
Em 2016, a produção de sucos no país chegou a 2,3 bilhões de litros, somando um total de R$ 16,2 bilhões de lucro. A produção mundial de sucos no mundo, em 2014, chegou a um total de 38,9 bilhões de litros, com faturamento de 94,3 bilhões de euros.
Com cerca de 40% do mercado total de sucos, o suco de laranja é o principal líder nos principais mercados mundiais. A produção e exportação mundial de suco de laranja é liderada pelo Brasil.
Resíduos são as partes que sobram de processos produtivos, como a matéria orgânica, o lixo doméstico, os efluentes industriais e os gases liberados em processos industriais ou por motores.
Vale destacar que resíduo e subproduto não são as mesmas coisas. Subproduto é uma substância que resulta de um processo produtivo cujo principal objetivo não seja a sua produção, e que são utilizados diretamente, sem qualquer outro processamento, que não seja o da prática industrial normal.
- Qual a importância econômica da produção de sucos no Brasil e no mundo?
Em 2016, a produção de sucos no país chegou a 2,3 bilhões de litros, somando um total de R$ 16,2 bilhões de lucro. A produção mundial de sucos no mundo, em 2014, chegou a um total de 38,9 bilhões de litros, com faturamento de 94,3 bilhões de euros.
Com cerca de 40% do mercado total de sucos, o suco de laranja é o principal líder nos principais mercados mundiais. A produção e exportação mundial de suco de laranja é liderada pelo Brasil.
O QUE É RESÍDUO?
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| Fonte: APA |
Vale destacar que resíduo e subproduto não são as mesmas coisas. Subproduto é uma substância que resulta de um processo produtivo cujo principal objetivo não seja a sua produção, e que são utilizados diretamente, sem qualquer outro processamento, que não seja o da prática industrial normal.
- Quais são os principais resíduos produzidos pela indústria de sucos?
Na indústria de sucos é produzido diariamente um grande volume de resíduos sólidos e líquidos. Sendo os sólidos, constituídos pelas cascas, sementes e polpas. E dentre os despejos líquidos, a “água amarela”, formada por proteínas, óleos essenciais, pectinas, açúcares, ácidos orgânicos, sais e pigmentos naturais, o que representa preocupação devido a seus altos índices de matéria orgânica, tornando-o um agente de alto potencial poluidor. Entretanto, os resíduos originados pelas agroindústrias apresentam variações, pois dependem do tipo de fruta processada.
- Qual a quantidade de resíduo formado?
Pesquisas relatam que da fruta propriamente dita, apenas 30% formam a polpa aproveitada pela indústria de suco. Dos restantes 70% de cascas e sementes, a maior parte é formada por cascas, que somam 58%. Apenas 12% são sementes. Essas sementes brutas, depois de lavadas e secas reduzem-se à 5% da massa total. Em números, isso significa que no processamento de 10 mil toneladas de frutas para a indústria do suco, as 7 mil toneladas de resíduos resultarão em apenas 5% de sementes secas, ou 350 toneladas. Essas sementes secas produzirão 25% de óleo, ou 87,5 toneladas. O quilo do óleo variando entre R$ 20 a R$ 30.
- Para onde o resíduo vai depois de formado?
O resíduo industrial, depois de gerado, necessita de destino adequado, pois não pode ser acumulado indefinidamente no local em que foi produzido. A disposição dos resíduos no meio ambiente, por meio de emissões de matéria e de energia lançados na atmosfera, nas águas ou no solo, deve ocorrer após os resíduos sofrerem tratamento e serem enquadrados nos padrões estabelecidos na legislação ambiental para não causarem poluição.
De acordo com a legislação vigente no Brasil, toda cadeia produtiva é responsável pela correta destinação dos resíduos gerados. Tornando indispensável seguir uma legislação ambiental, destacando-se as Resoluções n. 357 de 2005 e n. 430 de 2011 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, que estabelece parâmetros para que o efluente possa ser lançado no meio ambiente.
- Quais os impactos ambientais gerados pelo despejo dos resíduos do processamento de suco?
Tecnicamente os resíduos sólidos do processo de industrialização de suco, quando mal dispostos são agressivos ao meio ambiente. Tais resíduos liberam quantidades significativas de efluentes líquidos, quando dispostos no solo. Este líquido contém alto teor de nutrientes, matéria orgânica e outros elementos que, podem alterar o meio, principalmente de arroios e fontes, causando a morte de seres aquáticos, como também a morte de animais devido à ingestão direta e a perda de lavouras devido a sua utilização para irrigação.
ALTERNATIVAS PARA O APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS
Devido a essa grande produção de resíduos tem-se por objetivo propor alternativas para o aproveitamento destes visando à agregação de valor a tais resíduos e a minimização do impacto ambiental causado pelo acúmulo destes no ambiente. |
| Fluxograma de aproveitamento dos resíduos do processamento de sucos para processos fermentativos. |
- Aproveitamento das cascas e sementes
Uma alternativa para minimização do grande volume dos resíduos provenientes da indústria de sucos é a utilização dos seus resíduos sólidos visto que as cascas e as sementes são ricas em pigmentos (corantes naturais), compostos bioativos (polifenóis) e nutrientes (açúcares fibras, proteínas, ácidos orgânicos, minerais, lipídeos, vitaminas e sais minerais).
Algumas frutas, principalmente as cítricas, contém em suas folhas, cascas e em outras partes de seu metabolismo vegetal, óleos essências que podem ser extraídos por meio da destilação de arraste de vapor. O óleo essencial é definido como sendo uma parte do metabolismo vegetal, composto por terpenos, que podem ser encontrados nas flores, folhas, raízes, sementes, ramos, cascas, frutos e lenho. Um óleo essencial pode ser composto por mais de 300 componentes químicos diferentes, o que faz dele um produto muito valorizado e de grande importância industrial que podem ser aplicados à industrias de perfumaria, cosmética, alimentícia e farmacêutica.
Estes óleos podem apresentar alguns benefícios como a presença de ácido palmítico que facilita o armazenamento de energia nas células humanas, a longo prazo; o ácido oleico que diminui o risco de doenças cardíacas, quando em quantidades adequadas; e o ácido linoleico que auxilia na manutenção da saúde da terceira idade e crescimento e desenvolvimento dos seres humanos, em geral.
- De onde vem e como esses óleos são utilizados?
Óleos essenciais são produtos voláteis que se originam do metabolismo secundário de plantas aromáticas. Podem ser encontrados em todo tecido vivo de plantas, geralmente concentrados nas cascas, folhas, caules, raízes, flores, rizoma e nas sementes. Os métodos mais comuns são hidrodestilação ou destilação por arraste de vapor, extração por solvente, prensagem a frio e extração supercrítica. Segue abaixo dois vídeos sobre os métodos de extrações de óleo: hidrodestilação e extração supercrítica, respectivamente.
A extração destes óleos de sementes e cascas descartados pela indústria de sucos possibilita a redução da poluição ambiental, e fabricação de novos produtos como sabonetes, tintas, vernizes e após hidrogenação ou refinação, para fins comestíveis, gerando a diminuição do custo de venda do produto.
- O que é feito com o resíduo sólido?
Alguns resíduos da fábrica provenientes de certas frutas podem ser utilizados como fertilizantes de solo e como adubos de cobertura nos cultivos das lavouras. O adubo é obtido por meio de práticas de compostagem simples, sendo formado através da transformação dos restos orgânicos pelos microrganismos do solo. Segue um vídeo falando um pouco sobre compostagem:
Os resíduos de frutas utilizados para compostagem são ricos em nitrogênio e pobres em carbono, sendo necessário misturar com outros materiais que apresentem alto teor de carbono, como folhas secas e capins.
O controle da compostagem é feito através da temperatura, umidade e areação, sendo este último necessário para sobrevivência dos microrganismos aeróbios responsáveis pela fermentação. Após o processo de compostagem, temos o chamado húmus. Este composto pode ser utilizado como fertilizante orgânico em substituição a produtos químicos.
Uma forma de aproveitamento de resíduos sólidos é síntese de enzimas por meio da fermentação em estado sólido (FES), pois estas possuem alto valor agregado e grande interesse industrial devido às suas propriedades enzimáticas e especificidade a substratos proporcionando a obtenção de vários produtos alimentícios.
Outra alternativa para a redução dos resíduos sólidos é a aplicação do processo de liquefação enzimática que apresenta vantagens práticas sobre o processo de extração por prensagem, principalmente com relação ao maior rendimento do suco e à menor liberação do bagaço.
- Fermentação do resíduo líquido
Considerando sua elevada carga orgânica, o resíduo líquido permite o crescimento de microrganismos, permitindo a extração de proteínas, lipídeos, ácidos nucleicos, ácidos orgânicos, vitaminas e enzimas.
Saccharomyces cerevisiae é usado para enriquecer o desperdício de frutas com proteína por tecnologia de processamento biológico para preparar alimentos. Aspergillus sp. é conhecido por produzir ácidos orgânicos, como ácido cítrico e lático e Bacillus sp. é utilizado para produzir enzimas tais como celulase, amilase e protease. Da mesma forma Streptomyces produz compostos bioativos como bafilomicina, oxitetracilina e cefamicina.
Autores: Débora Eloá, Rosana Caroline, Flávia Araújo e Gabriela Sousa
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