Para ter uma noção da quantidade de perdas e desperdícios em uma grande área de produção de alimentos, pense no seu dia a dia em casa, melhor, pense no dia de domingo na sua casa, você decidiu preparar um prato, mas antes precisou comprar os ingredientes. Foi ao supermercado, escolheu algumas hortaliças, selecionou as melhores e mais bonitas, levou para a casa, descascou, descartou cascas e sementes, preparou o seu almoço. Na hora de comer, você estava com muita fome, colocou uma quantidade a mais do que conseguiria comer e acabou jogando fora o que sobrou nesse prato.
Esse é o cenário para um só dia na sua casa, em que o processamento seria apenas para quatro ou cinco pessoas aproximadamente, agora você pode imaginar uma indústria produzindo toneladas de alimentos. Os alimentos podem ser perdidos ou desperdiçados em todas as etapas na cadeia de alimentos, do campo até o momento em que é colocado no prato do consumidor.
Fonte: Embrapa (2017) |
Estudos da FAO (Food and Agriculture Organizition of the United Nation) mostram que 54% das perdas e desperdício de alimentos no mundo acontecem na fase inicial da produção, manipulação, pós-colheita e armazenagem da matéria-prima e 46% ocorrem nas etapas de processamento, distribuição e consumo. Os alimentos não consumidos resultam em custos ambientais e econômicos, sabendo-se que a produção e o transporte destes produtos utilizam recursos naturais, a exemplo da água e energia.
Algumas das razões para a fase inicial apresentar um maior porcentual em perda e desperdício de alimentos é a perecibilidade da matéria-prima, o descarte de produtos que não atendem as especificações do mercado, o manuseio e armazenamento em condições inadequadas durante e pós a colheita, ou até mesmo a falta de refrigeração quando necessário.
A imagem a seguir representa um panorama dos desperdícios dos alimentos, o Brasil como produtor, apresenta-se dentro do grande grupo que joga fora milhões em comida.
Para a indústria o desperdício sempre foi um desafio, além do fator econômico, existem os reflexos políticos e sociais que o tema acarreta, exigindo a aplicação das tecnologias disponíveis para elaborar novos produtos, com baixo custo e que toda população possa ter acesso.
Atualmente estudos estão sendo realizados com o intuito de minimizar os impactos causados por perdas no processamento de alimentos, buscando estender as alternativas para o uso integral dos alimentos. Como parte destes estudos o reaproveitamento de cascas ou resíduos de frutas está sendo bastante empregado, em sua maioria para produção de farinhas auxiliando como substitutas da farinha convencional, ou até mesmo a combinação visando enriquecimento nutricional.
Um exemplo a ser citado é o da empresa Dorrwerk localizada em Berlim na Alemanha, que recicla frutas e vegetais, comprando de agricultores ou atacadistas a um baixo custo, alimentos que não seriam mais utilizados devido a defeitos físicos e que iriam contribuir para o aumento de lixo. Esses alimentos são transformados em snacks saudáveis e saborosos, feitos a partir da polpa das frutas e vegetais, e que contribuem para a diminuição do desperdício de alimentos. O vídeo abaixo mostra um pouco do funcionamento da empresa:
A tarefa de minimizar o desperdício pode ir além da aplicação de novas tecnologias, como a cadeia de produção é extensa e com etapas determinantes no desperdício de alimentos, a responsabilidade vai do produtor ao consumidor. A conscientização de todos os elos dessa cadeia sobre a perda de alimentos torna-se uma outra estratégia para aliar aos resultados das pesquisas que estão surgindo. O benefício é reduzir o desperdício, aumentar a renda, poupar os recursos naturais e como ilustrado na segunda imagem combater a fome de aproximadamente 870 milhões de pessoas por ano.
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